Morreu o Ditinho, antigo companheiro
do Assis Tênis Clube. Não
o parceiro que jogava bocha, não
o que nadava junto, não o que
praticava tênis ou usufruía
dos prazeres da sauna. Morreu o companheiro
que possibilitava tudo isso, e muito
mais, porque estava sempre no clube,
a trabalhar duramente, ajudando na
ordem geral, limpando a piscina, preparando
a boa feição dos jardins,
contribuindo para a organização
deste ou daquele setor.
Ao lado dos freqüentadores habituais,
ele também vivia queimado de
sol. Mas não era um queimar
tão dosado, próprio
de quem quer chegar ao bronzeado que
bem impressiona. Era um queimar intensivo,
que chegava ao tom encardido, pela
exposição constante
de quem, sob um cáustico sol
ou as intempéries várias,
tinha de enfrentar cotidianamente
a dureza de seu trabalho.
E o Ditinho cumpria o seu dever com
assiduidade, disposição
e vigor, com a satisfação
de estar propiciando ao semelhante
uma boa forma de alegria, que no fundo
ele próprio talvez nunca tivesse
tido, porque a sua condição
social pouco lhe permitia. Ele vai
embora, depois de vinte e quatro anos
de bons serviços prestados
ao Assis Tênis Clube, inesperadamente,
ainda jovem e tão gentil, e
deixa para trás um forte reconhecimento
– talvez já tardio, mas
muito sincero de corações
bem humanos – de como são
significativas as contribuições
eficazes, humildes e anônimas
dessas camadas que representam as
bases verdadeiras de uma sociedade.
A nossa homenagem, Ditinho, pelo
seu valor pessoal e pelo que você
representava. A nossa oração
profunda pela tranqüilidade de
sua alma. Que Deus o tenha no lugar
que você realmente merece, em
razão de sua vivência
humana de destaque, em sua admirável
humildade.
(JORNAL DO A.T.C. – 08/89)